Um ano na India


Um ano na India!!! Como expressar esta experiência? O que há de diferente aqui do que no Brasil? Com certeza há muitas diferenças que podem ser relatadas, tanto boas quanto ruins, dependendo do ponto de vista. Mas para mim que vim para aqui seguindo um comando interno, e mantendo o meu guru no meu coração, estar aqui tem sido uma experiência incrível para minha vida e prática. E acredito que isso seja por causa do meu karma, pois em termos de prática, nós temos no Brasil, muitas representações do budismo e a grande manifestação da compaixão de Chagdud Rinpoche ao criar o Khadro Ling, uma representação viva do budismo tibetano. Estando aqui, pude perceber isso, pude perceber a mente aberta e compassiva do Chagdud ao ensinar seus alunos a fazerem coisas que aqui só os monges e lamas fazem, e ao deixar pessoas tão bem preparadas, como nossa querida Chagdud Khadro, Lama Sherab, Lama Tsering e os outros lamas, cuidando de sua sanga. Apesar de muitos de seus alunos terem optado por outros professores também, acredito que ele é o Lama do Coração de muitas e muitas pessoas.

Então acredito que foi por causa do meu karma, que vir para India foi importante. Pois aqui, pude ter a experiência de encontrar Guru Rinpoche em meu coração, de uma maneira que não tinha encontrado antes; e de reconhecer minha profunda gratidão pelo Buda histórico ao rever várias vezes o filme “O Pequeno Buda”. Assim, tenho acreditado cada vez mais em causas e condições e aprendido a confiar. Neste ano tantas coisas se abriram na minha mente e pude ver as bênçãos do meu lama se manifestarem. Tornar-se um guerreiro não é fácil, ainda mais quando vislumbramos o nosso imenso campo interno de batalha. Como o ego é tão ardiloso! E como ele se esconde de várias formas e tem muitas máscaras!

Bem, ainda não sei os próximos passos de meu caminho depois desse um ano aqui, apenas vislumbro minha ida ao Nepal no final de julho para renovar mais uma vez o visto para India. Acho que será uma boa experiência conhecer este país, ver a grande stupa e como o budismo é vivido lá.

Agradeço todos aqueles que tem me acompanhado com seus pensamentos e preces. A sanga do Chagdud é a minha sanga do coração, e agradeço muito pela imensa compaixão dele de ter me guinchado para o Budismo me abrindo os olhos para uma outra forma de estar no mundo. Ao decidir sair do Khadro Ling, em 2007, o que foi muito difícil para mim, por causa do meu imenso apego, tive um sonho com o Chagdud em que ele lavava as minhas mãos com um sabonete branco, “ei menina venha aqui”, dizia ele. Foi assim que com sua imensa compaixão, eu me senti liberada para partir, levando ele no meu coração, minha sanga e meu guru, Dzongsar Khyentse Rinpoche: que companhias mais agradáveis para uma viagem, não?

“Foi neste dia, deste fogo, com estas pessoas, que Siddhartha aprendeu sobre sofrimento e descobriu a compaixão. Eles eram ele, e ele era eles”. (trecho do filme “O pequeno Buda”, no momento em que Siddhartha estava vendo um corpo sendo cremado).

A Elka e Graziela estão bem e quem quiser acompanhar a jornada delas pode acessar o blog: http://revistatpm.uol.com.br/blogs/tashidelek

Que todos os seres sejam beneficiados!

Junho/2009