A Viagem

India... Minha viagem começou no dia 09 de junho quando embarquei num avião da British com conexão em Londres. Cheguei em Delhi às 23:30h do dia 10, passei pela imigração. Já havia reservado uma Guest House na Colonia Tibetana em Delhi, e um taxi, serviço do hotel, estava me esperando com uma plaquinha com meu nome e o do hotel. Tudo ocorreu tranqüilo, apenas a ansiedade de quem estava indo pela primeira vez para India tomava conta.

Do aeroporto para o hotel foi uma aventura. O motorista do taxi (um carrinho estreito), além de correr, buzinava para tudo e todos! Aqui é assim! Uma “buzinação”, principalmente nas ruas estreitas, invadida por pessoas, animais e carros. Já me acostumei! Não é cantada, é para eu sair do caminho... risos! Na colônia tibetana, fiquei numa guest house recomendada pela Christine (Khadro Ling). Dormi bem e comi para seguir viagem no final do dia para McLeod Ganj, onde a Natasha, Douglas e Lucas estão morando (conheci Natasha quando era RH no Khadro Ling – é interessante a ajuda da sanga nestes momentos, de alguma maneira as pessoas se apóiam).

Tomei o ônibus para Mc Leod Ganj (9 km de Dharansala) no dia 11 de junho. Bem, está é uma parte da viagem engraçada e um pouco estressada. Em primeiro lugar, eu não segui a indicação da Christine, que disse para pegar um ônibus da Volvo na estação de ônibus em Delhi, nem também a indicação da Natasha para eu pegar um ônibus da Himachal, que tem cama para dormir. Fui pegar um ônibus que a recepcionista do hotel disse ser bom (e de fato era melhor de que alguns ônibus, but...). A minha sorte é que ele não estava cheio e pude ir atrás ocupando as últimas 5 cadeiras traseiras (as minhas duas malas estavam em duas dessas cadeiras, pois não couberam no bagageiro do ônibus, que era super pequeno). Bem, vcs já sabem que os motoristas correm e buzinas, mas eles brecam também. Não consegui dormir a noite toda e além do mais caí no chão uma vez, por causa do breque do motorista. Me machuquei só um pouquinho (trouxe um creme super bom de massagem com cânfora que me salvou). Além disso, não posso esquecer de contar, que em alguns momentos também, o motorista passava em buracos e as pessoas voavam de suas cadeiras... eu acho que eu devo ter voado um meio palmo....risos! Mas teve gente (indiano e tibetano) que conseguiu dormir mesmo assim.

À caminho de MecLeod Ganj a gente “sobe a serra”, então num certo momento a viagem se torna uma viagem de curvas. A estrada não é tão ruim, em alguns momentos a pista é boa, em outros não, mas eu pensei que era pior que o Brasil... risos! Eu saí de Delhi às 18:30h e cheguei em McLeiod Ganj às 7:30h do dia seguinte. Lá fiquei num hotel muito bom por sinal, pois haviam outros que eram um horror, mas aqui não se pode ter frescura, os conceitos de limpeza se relativizam. Meu hotel era mais novinho e limpo “Yonten Guest House”, fiquei nele porque o hotel que a Christine indicou estava cheio. Pude finalmente dormir.... Nem almocei.... À tarde fui numa internet tentar manda um e-mail para Natasha me encontrar e ela estava conectada no gmail, então nos clicamos pelo talk e combinamos de nos encontrarmos no Palsang Café, onde pude almoçar e jantar.

Para quem não sabe Mc Leod Ganj é uma cidade onde fica o templo do Dalai Lama e a sede do governo do Tibet no exílio. É um lugar onde vai muito turista, inclusive indiano. Sabe o pessoal de Porto Alegre que sobe a serra para ir à Gramado no final de semana? Pois é, como Mc Leod é mais fresco, bem mais fresco, então os indianos Vips vão passar o final de semana lá, com seus carrões modernos... o comércio é muito bom e pode-se encontrar de tudo praticamente, deste os artigos budistas, até roupas variadas, produtos de higiene, bebidas, biscoitos.... tem de tudo! Comprei uma caixa de incenso tibetano (Potala Incense) por 20 rupias (ou seja R$ 0,84 centavos de real, mais ou menos). McLeod é uma cidadezinha com ruas estreitas, subidas e descidas, com vista para os Himalayas, cheia de Guest Houses, restaurantes e lojinhas. ... ah, e lugares para conectar a internet. Tem um caixa do Banco da India, com a rede Visa/Plus que dá para sacar da sua conta no Brasil, converte para rupias. Ah, tem muitos macacos. Uma manhã estava fazendo prática em meu quarto e um macaco passou e ficou olhando a paisagem da minha varanda. Natasha contou que na casa dela vem sempre uma mãe-macaco com seu filhote pedir comida. Um dia o filhote entrou num bolso do blusão da Natasha e ficou lá um tempo.

Quando chove dá para sentir mais o cheiro do esgoto, mas sinceramente, a sujeira não me surpreendeu, pois não difere de algumas cidades ou favelas brasileiras. É claro que não tem uma boa estrutura, mas o que quero dizer é que eu não fiquei chocada, não me impressionou. Eu estava esperando pior... cada percepção é uma percepção subjetiva. Então, não torne a minha percepção um conceito... quando vc vier para India, venha com o coração aberto e tenha sua própria experiência.

A comida em Mc Leod é boa. Comi várias vezes no Palsang Café. Eles tem comida tibetada, mas algumas opções ocidentais também, como spagette, breakfast americado, etc. Lá tem um omelete com tomate que é uma delícia... o pão tibetano é muito gostoso e comi Momo também, é claro! Os ônibus que descem para Dharansala são uma graça, parecem aqueles ônibus do interior brasileiro, bem velhos, que tem um santinho com fitinhas e pisca-pisca no painel do motorista; a diferença é no formato dos santinhos... aqui tem fotos ou estátuas de Shiva, Ganesh... Para descer custa 9 rupias (0,37 centavos de real... 1 rupia é 0,042 centavos de real, mais ou menos). Natasha mora lá com o marido, Douglas, e o filho, Lucas (ele tem 5 anos e está estudando na escola tibetana... lá ele estuda tibetano, inglês, tem lama dancing também), foi a responsável pelo tour em Mc leod. Me explicou tudo, o que não comer para não passar mal, me levou para conhecer o templo do Dalai Lama e do Kamarpa .... foi muito emocionante! Conheci o Karmapa (se é que posso chamá-lo assim), mas esta experência vou contar num outro momento, não cabe aqui neste formato de relato. E nem sei de fato como colocá-la em palavras.

Fiquei em McLeod até segunda dia 16 de junho e vim para Bir, de taxi, pois é mais perto. Bir é uma vila pequena, com uma rua principal, com vários monastérios, casas e lojas. É muito mais quieta. Estou hospedada no Deer Park Institute, que foi um monastério e agora é um centro de estudos aberto para quem quiser vir participar dos programas. Se vc quiser conhecer o instituto acesse o site: www.deerpark.in. A Patrícia já me deu várias indicações aqui e estou me adaptando bem. Várias pessoas já me falaram que eu pareço indiana.

O momento emocionante de ter chegado em Bir é que pude encontrar com meu professor ontem para orientação na minha prática de ngondro. É sempre muito intenso encontrar com ele. A Patrícia foi minha tradutora, pois meu inglês não está tão afiado ainda. Eu não sabia que ele estaria em Bir, neste mês, então foi uma sincronicidade auspiciosa.

Como me sinto agora? Feliz... Feliz por ter chegado aqui, por ter seguido meu coração, dissolvido meus obstáculos internos... Feliz por ter tido (e por ter) o apoio e o amor de minha família, amigos e sanga. Esta felicidade não exclui momentos difíceis, mas ela está presente simplesmente!

Um grande abraço!

Que todos os serem tenha a paz e a alegria genuina! 

Junho/2008