Na India dos peregrinos

Olhar para você é olhar para o que há de sagrado em mim, é um relembrar desse sagrado, um voltar-se para dentro para de fato voltar-se para o outro. Só contemplar a sua face já me trás um estado de contentamento e felicidade. Que alegria poder vê-lo de novo e ver sua conduta de olhar para as pessoas como se estivesse procurando por cada uma delas. E de fato, não é assim Sua Santidade? Seu voto é de trazer benefícios para todos os seres e levá-los a iluminação. Na sua manifestação física vemos apenas dois olhos olhando para as pessoas quando passa, de fato olhando, vendo... Mas em outra dimensão seus mil braços com olhos vêem tudo e onde quer que haja necessidade você se manifesta da forma que for preciso, não importa a cultura ou religião, você está ali. E aqui, neste momento de encontro, você está aqui, nesta forma de bodisatva que acolhe a todos! E assim, Buda da Compaixão, você atinge meu coração se manifestando como Sua Santidade o Dalai-Lama. Que forma mais linda de se manifestar! Eu olho para os lados e contemplo a face dos seus muitos filhos, todos procurando por você, porque estão procurando por si mesmos. E você é uma das formas mais sublimes de nos encontrarmos e nos relembrarmos de nossa natureza sagrada, de nosso verdadeiro estado iluminado. Que por meio de meus olhos que o vêem agora, todos aqueles que tem conexão comigo possam vê-lo e receber as suas benção, oh meu Avalokita!*

(*Avalokita, denominação dada a Avalokiteshvara, Bodisatva da Compaixão)

Sempre é muito emocionante encontrar SS o Dalai-Lama. Tive esta sublime felicidade de revê-lo no dia 23 quando em seu templo, aqui em McLeod Ganj, houve um puja pelo sua longevidade. Ele passou como sempre olhando para todos!

Eu cheguei aqui no dia 30 de dezembro. Tem feito dias lindo, ensolarados, mas com um frio considerável. Estou aproveitando que estou aqui para fazer um tratamento com um médico tibetano, Dr. Yeshe, que é médico de Sua Santidade também. Ele está bem velhinho, então temos que aproveitar. Interessante o método dele: além da leitura do pulso, e de fazer algumas perguntas, ele olha a espuma da urina. Ele não cobra consulta, você paga os remédios, que são aquelas bolinha tibetanas, feitas sabe lá do quê, com um gosto esquisito e amargo, que devem ser tomadas com água morna. Um beleza!!!

De início aqui fui acolhida pela Natasha e seu filho Lucas até encontrar um quarto, com cozinha e banheiro, mobiliado, pois nessa história de ir para lá e para cá, não dá para manter uma casa e utensílios domésticos. Apesar de um pouco afastado de Mcleod (fica numa das estradas de acesso), o lugar que estou vivendo temporariamente tem vista para as montanhas nevadas, um pequeno templo de Shiva, e um poço d’agua com umas esculturas de deuses indianos. Um dia desses, olhei pela janela e me dei conta que o sol, que estava se pondo, refletia uma luz rosa nas montanhas. Tão lindo! Tirei umas fotos para colocar no Picassa.

Antes de vir para cá a temporada do Nepal rendeu muitas histórias que contarei no e-mail “Nepal”, para vocês não ficarem entediados com um e-mail grande... risos!

A vida por aqui tem sido bem movimentada, diferente da época em que vivia em Bir, mais recolhida. Aliás, muitos encontros e conexões. Eu saí do Brasil e só encontro brasileiros!! Risos!

Quando cheguei aqui, logo de imediato, recebi o convite da Elka para ir com ela e a Graziela em Tso Pema, na caverna do Guru Rinpoche. Foi emocionante está lá mais uma vez! Diante da estátua enorme do Guru, que tem em uma das cavernas, me sentei, e passei a contemplar a sua face, recitando o seu mantra. A estátua é apenas uma representação, mas para minha mente distraída, simplesmente contemplá-la, ainda mais num lugar sagrado, tem um resultado transformador. No momento que estava na caverna, o telefone tocou: era o monge Nawang Tenphel, conhecido como monge Gabriel, me ligando para fazer uma proposta de parceria. No dia seguinte, numa reunião coletiva pelo telefone (eu, o monge e o Guilherme) falamos sobre o trabalho de ajudar o Dharma Yatri com os e-mails e informativos durante as peregrinações. Então, parte do meu tempo no último mês foi dedicado a responder e-mails, passar informações sobre as peregrinações e atualizar as comunidades (Facebook, Orkut e Twister), em que o Dharma Yatri está inserido.

Tem sido emocionante para mim acompanhar, mesmo de longe, e dá um suporte para que os grupos possam fazer esta prática. No blog (que tem sido atualizado aos poucos) há várias postagens sobre os lugares que as Yatras tem passado, e acompanhar os relatos é um meio também de peregrinar, se você se sintonizar com o seu coração. Já que a peregrinação tem vários níveis, cada um pode se conectar, e ir até os lugares sagrados dentro de si mesmo. O que não impede também de vir para Índia e Nepal, né?!

Adendo: O projeto do Dharma Yatri hoje em dia não está mais focado na organização de peregrinações, mas sim em manter um site com informações que possam ajudar o viajante.

Abaixo os sites do Projeto Yatri:

Site: www.dharmayatri.org
Documentário: www.projetoyatra.com.br
Fevereiro/2010
(Foto do Dharma Yatri - fonte do blog:http://blogdharmayatri.blogspot.com/