Agora no Nepal


Estou agora em Kathmandu, Nepal. Vim renovar visto, mas acho que vou ficar aqui uns 5 meses, não sei ainda. Eu estou em Boudha, onde fica a Grande Stupa. Ela deve ter a altura de um prédio de 10 andares. Em volta dela, várias pessoas fazendo a Kora todos os dias. Eu fico tonta, pois além de muitas pessoas tem várias lojas e restaurantes em volta e ruazinhas que dão em monastérios, casas, apartamentos, hotéis, etc. Tão diferente de minha pequena vila Bir!

Kathmandu, pelo menos esta parte de Boudha, é muito velho e sujo, mas a parte em volta da Grande Stupa é mais conservada e tem um toque moderno em alguns lugares. Os nepaleses são bem amigáveis e não ficam te olhando ostensivamente com os indianos. Eu que pareço indiana crio uma certa confusão, alguns olham, outros falam em híndi e depois perguntam de onde eu sou. Brasil?!!!! Futebol.... Ronaldo. Que coisa né?

Eu estou por um mês num apartamento de uma amiga que está estudando tibetano na India, depois vou procurar um lugar para mim. A vista do apto é maravilhosa, vc pode ver Boudha cercada pelas montanhas, pode ver a Grande Stupa e do outro lado um hotel luxuosíssimo, Hyatt Hotel, que ocupa uma quadra inteira. É um contraste e tanto, e uma boa contemplação: apesar de um lado você poder contemplar a luxúria de sua mente, e as várias formas que ela se manifesta; você pode também pode contemplar sobre a generosidade, pois o hotel preserva uma boa área verde, que constrasta com o aglomerado de casas e guest houses tibetanas e nepalesas. Olhando para Stupa, a gente contempla isso tudo sob a ótica do renascimento humano e precioso! 

Aqui termina sendo mais caro que morar numa vila como Bir, é uma cidade grande com mais estrutura também, tem supermercado e tudo. Mas minha pequena vila Bir surpreende em sua pequenez e magnitude... antes de sair de lá, uma amiga me disse que todas as lojas iriam ter cestos de palha para lixo seco na porta. Cada loja pagaria 10 rupias e toda semana uma pessoa passaria para coletar o lixo e levar até a associação tibetana para separação daquilo que seria vendido, aproveitado ou queimado. Do taxi, quando estava indo embora, vi os cestos de palha em vários lojas, inclusive indianas... fiquei tão emocionada e feliz. São pequenos movimentos que ajudam nosso planeta!

Ao sair de Bir, me despedi de minha família tibetana, agora separada... Cinco dias antes de eu vir para o Nepal, Tsering se mudou para casa da mãe com o filho menor, dando um basta numa dinâmica familiar difícil, deixando a casa para a outra esposa de seu marido, deixando toda a sua vida, para poder ter paz. Ela me disse que nada do que estava acontecendo era de fato importante, pois ela poderia morrer amanhã, e tudo isso acabaria. Uma lição sobre impermanência. Ela me ofereceu um Katag, um costume tibetano feito antes de alguém viajar. Fiquei contemplando sobre a interdependência, a sincronicidade de minha chegada da Tailândia em fevereiro, e a chegada do marido da Tsering com a nova família, e de minha partida para o Nepal e a separação deles. Sabe lá o meu Karma com esta família, com Tsering em especial! Mas tudo que tem um início tem um fim... deixei o meu lar provisório para trás, estoquei minhas coisas no Deer Park e agora estou aqui!

Que todos os seres estejam livre do sofrimento!

Agosto/2009