Conhecendo a Tailândia


Contraste... as diferenças são inevitáveis aos olhos... India e Tailandia, universos diferentes. Em Bangkok tudo limpo e organizado. No taxi, podíamos ver alguns monumentos, e onde você passasse havia uma foto do rei, tão amado pelo povo. Ficamos duas noites numa área de Bangkok onde os estrangeiros geralmente ficam. Uma das ruas referencia para se achar o lugar chama-se Khaosan. Nesta rua e ruas paralelas e vizinhas há vários hotéis, guest houses, restaurantes e carrinhos de comida. Foi bom ficarmos lá por dois dias para relaxar um pouco depois da espera em Calcutá. 

No dia 02, pegamos o ônibus para a cidade de Khokaen, que é grande e bonita. Lá uma moça chamada Jin nos pegaria e nos levaria para o templo. Ela é uma moça adorável, com seus 19 anos, universitária, e aluna no monge tailandês Prarun, amigo da Natasha e Douglas, que nos convidou para ficarmos no templo onde ele mora. Atualmente, Prarun está em Dharansala, estudando. Ele pediu que Jin nos recebesse. Ela foi muito cordial e nos recebeu na casa de seus pais onde passamos duas noites, pois eles queriam nos levar para passear. Se deixássemos, eles faziam questão que ficássemos na casa deles por um longo tempo. “Minha mãe que cuidar de vocês!” – disse Jin para nós. A estada lá foi muito legal, a casa deles é bem simples, mas bem equipada e tem um restaurante. 

Eles nos levaram para passear e conhecer algumas coisas perto da casa deles, nos arredores de Khokaen. Foi nesse tour que conhecemos um templo, onde há um Buda deitado sobre uma pedra: muito bonito e inspirador. Também fomos ao mercado público, onde várias barracas vendiam de tudo. O que mais nos impressionou foram os bichos vivos que eles mantinham para vender e comer: vimos besouro, peixes recém pescados, tartarugas, ratos, etc. Eles comem outros tipos de animais, mas os mais usados são galinha e porco. Natasha comprou dois peixes ainda vivos e soltou no rio, um tipo de prática de salvar vidas que os budistas fazem. É impressionante como algumas coisas nos chocam enquanto outras não, achamos normal comermos carne de vaca e galinha, mas não se o caso for um cachorro, ou um rato, ou besouros, a questão é que todos são animais, todos sofrem. 

Bem, na quinta pela manhã fomos levados ao templo do Prarum, apesar da dificuldade da comunicação, tudo foi ajeitado. Prarum já tinha pedido permissão ao abade do templo para que a gente pudesse ficar na cotia dele (casa). Neste templo, geralmente, as pessoas vem para fazer cursos de meditação por 5 dias. Há turmas de estudantes e pessoas mais velhas. Então, para eles, era algo novo uma turma de estrangeiros ficando mais de um mês no templo. Mas estamos aqui. A cotia do Prarum é grande, tem a sala de meditação, uma cozinha enorme e três quartos todos com banheiros. Eu estou dormindo num dos quartos, mas continuamos como grupo o convívio diário, o que tem sido uma ótima oportunidade de prática diante das diferenças. 

Aqui, temos que vestir roupas brancas. Se não temos o templo tem um modelito feminino e masculino. A Natasha brinca dizendo que é modelito de hospício, e ainda por cima a gente foge todo final da tarde para comprar comida. Deixa eu explicar: os monges e as pessoas que vem fazer os cursos comem apenas duas vezes ao dia, café-da-manhã e almoço até ao meio-dia. A gente não está no mesmo esquema, então a gente “foge” para comprar comida. 



A comida na Tailândia é diferente, tem algumas coisas gostosas, mas outras bem estranhas e picantes. No café-da-manhã eles comem comida mesmo, não tem pão. Aqui no templo, todos os dias é canja-de-galinha, no almoço geralmente arroz, uns ensopados de verdinhos, batata e repolho, uma salada altamente picante, uma frutinha. Para mim tem sido um exercício, mas compenso com outras comidinhas que a gente compra na loja do templo ou nos restaurantes regionais. Em Bangkok eu comia nas barraquinhas, pois é mais barato e gostoso, tem o arroz frito (arroz, ovo, verdinhos, vc pode acrescentar outros ingredientes) ou macarrão frito (macarrão com vedinhos, ovos, etc). Há também um arroz grudentinho que eles chamam de stick Rice, uma opção bem gostosa é este arroz com manga e leite de coco e açucar... hummmmm! Adorei! Há barraquinhas vendendo frutas também, cortadinhas... uma delícia! 

Quero aproveitar aqui para fazer mais meditação sentada e continuar as minhas práticas e estudos. Possivelmente volto para India no inicio de fevereiro, mas meus amigos devem ficar por aqui até março. A vida no templo é simples e quieta, uma boa oportunidade de recolhimento. O templo é bem grande e bonito, mas devo confessar que sinto saudades de Bir, e do toque tibetano, do som dos pujas, que ouço do meu quarto. Lá deve está bem frio e quando voltar devo pegar ainda um pouco de neve. 


Mas agora estou aqui e agradeço a generosidade desse lugar e das pessoas em nos receber... e nos ensinar! 

Que todos os seres possam ser beneficiados! 

Dezembro/2008