Drubtchen

Lá vai o Thupen... ops... ele ri e volta... esqueceu o chapéu... os lamas riem dele, os monges riem dele... assim é o Drubtchen no Chokling Monastério, um misto de seriedade ao fazer a prática e relaxamento. O Drubtchen é uma cerimônia do budismo tibetano onde se faz intensivamente e mais elaboradamente um prática espiritual específica. Este Drubtchen era de Guru Rinpoche, mas não me pergunte qual o ciclo de práticas. Eu não participei da cerimônia fazendo a prática de sadana, apenas me sentei para ouvir e para fazer a minha prática. Comprei uma xícara pequena, estilo oriental, pois durante a cerimônia eles serviam chá. Foi um momento muito especial, que me emocionou muito. Já havia participado de outros drubtchens no Brasil, mas como sempre estava trabalhando, de fato não aproveitava a cerimônia em si. Dessa vez, eu estava relaxada e pude sentir as bênçãos do drubtchen no meu coração.

Adorei simplesmente ficar ali, naquele monastério, ouvindo o som melodioso e ritmado dos cantos e tambores... É tão lindo! Três dias depois da cerimônia acabar, houve a apresentação do Lama Dancing no Pátio do templo. Havia várias pessoas, em sua maioria tibetanos, sentadas para assistir. No Khadro Ling, um templo do budismo tibetano no sul, também há a apresentações de Lama Dancing, eu já participei dançando algumas vezes. É maravilhosa esta forma de meditação. Aqui, pude ver outras danças, alguns passos familiares, outros não... As roupas, as máscaras, o som da voz do Unze e do instrumento que ele usa... As tibetanas servindo chá e biscoito para o público... Alguns rostos já tão familiares, alguns lamas importantes presentes que estou aprendendo os nomes... As emanações de Guru Rinpoche e um boneco imenso do Guru... Como poderia descrever para vocês? Bem tirei fotos, gravei uns vídeos, mas de fato não dá para expressar o que eu senti.

Ah! A minha querida Old Woman estava lá sentadinha... E também o meu Old Lama... hum, não falei ainda do meu Old Lama, não é?

É interessante como as conexões vão se revelando. Patrícia me mostrou um dia quem era o Lama Godje, meu Old Lama. Se você já assistiu o filme “A Copa” você saberá quem ele é: ele é o velhinho que aparece no filme e joga MO (um sistema de adivinhação tibetana). Ele é famoso aqui por jogar muito bem MO, até mesmo grandes lamas consultam com ele. Um dia, o encontrei no Joy Café, fiz reverência e me sentei. Havia um tibetano com ele, e o Lama Godje pediu para o homem me perguntar o que eu tinha falado para ele no dia anterior. Eu respondi que não havia falado nada para o lama no dia anterior. Bem, ficamos assim. No dia seguinte me encontrei com ele de novo no Joy Café, fiz reverência e ele me soltou um sorriso bem grande... Sentei do lado de dentro do café... Ele entrou, falou com a dona do Café, pegou uma roda de oração que ele estava pintando, olhou para mim, sorriu e falou naturalmente algo em tibetano, como se eu pudesse entender... risos! Ele é tão lindo! Parece um bom velhinho quando sorri, e quando está sério, é uma manifestação irada. Ele é meu Old Lama, simplesmente vê-lo me deixa feliz, simplesmente receber seu sorriso me traz tranqüilidade. Ele estava lá no Drubtchen, participando da cerimônia. Sua esposa também estava lá, todos os dias, recitando mantra, enquanto rodava uma roda de oração, juntamente com outras velhinhas... Minhas old women encantadoras. 


Quer me ver feliz? É só eu receber um sorriso de uma criança ou de uma pessoa idosa... Nada equânime, não é? Mas a mente é assim, a gente começa pelo que é mais fácil, a gente começa pelas aspirações, para um dia de fato poder beneficiar todos os seres... E neste momento eu me lembro de S.S. o Karmapa que simplesmente emana amor incondicionalmente, como o sol que brilha para todos sem distinção.

Que todos os seres estejam livres do sofrimento e das causas do sofrimento!




Julho/2008
Fonte foto SS Karmapa: http://www.kkcw.org/KARMAPA/2009/karmapa_e.html